Educação cibernética nas escolas é impulsionada com lançamento de nova eletiva

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Educação cibernética nas escolas é impulsionada com lançamento de nova eletiva

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Uma disciplina eletiva piloto desenvolvida para melhorar a oferta de educação cibernética nas escolas foi lançada em três estados. O programa, resultado da colaboração entre os governos do Brasil e do Reino Unido, oferece aos professores de Pernambuco, Bahia e Distrito Federal o acesso a um conjunto substancial de recursos didáticos de alta qualidade. Os mesmos recursos serão posteriormente disponibilizados para todos os estados a partir do final de setembro de 2022, ajudando professores a oferecerem educação cibernética de maneira mais eficaz, consistente e sustentável. 

Melhorar a conscientização e a educação cibernética em todo o país é um dos grandes desafios para os próximos anos. Esse fato coloca a atenção em como as crianças aprendem competências digitais fundamentais e na criação de uma cultura mais forte de segurança da informação.      

Hoje, alunos adolescentes, em particular, podem ser expostos a inúmeros danos cibernéticos, desde phishing e aliciamento até exploração sexual. Ao melhorar sua compreensão do tema na escola, os adolescentes podem aprender a navegar com segurança no ciberespaço, reconhecendo riscos potenciais e sabendo como evitá-los.

Resultado preocupante das pesquisas 

A pesquisa realizada para este projeto destacou o quão grave esse problema se tornou – e as barreiras que os professores enfrentam ao tentar oferecer educação cibernética.

Metade dos alunos envolvidos na pesquisa admitiu sentir-se chateado, envergonhado ou com medo por causa de algo que aconteceu enquanto usavam a internet no último ano. 38% dos alunos afirmaram que foram insultados, ridicularizados ou provocados por outros online de maneira prejudicial. Além disso, 22% disseram que algo que deveria ser privado foi compartilhado online.

Dos alunos que viram vídeos violentos, conteúdos grosseiros ou mensagens e vídeos online que os fizeram se sentir mal consigo mesmos, 70% dizem que o conteúdo foi enviado para eles; 17% dos estudantes afirmaram que foram solicitados a compartilhar imagens sexuais de si mesmos online uma vez por mês.

Do lado dos professores, quase 80% afirmaram que nenhum programa de treinamento ou conscientização sobre o assunto de riscos online ou gerenciamento de riscos foi fornecido por sua escola. Apenas 10% disseram que se sentiram adequadamente apoiados por sua escola para ensinar os alunos a se manterem seguros online ou a responder aos relatos dos alunos sobre experiências online angustiantes.

Concepção do currículo da eletiva

Essas descobertas ajudaram a equipe responsável pela eletiva a refinar seu pensamento sobre o tipo de material educacional que precisava ser incluído em todo o kit de atividades pedagógicas que irá compor a disciplina. Felizmente, não há escassez de conteúdo educacional cibernético disponível para adolescentes, desde vídeos e recursos didáticos até planos de aula e materiais de treinamento de professores.

O desafio para a equipe do projeto foi, portanto,filtrar a quantidade de materiais, encontrando os melhores cursos e de maior qualidade. Com base em materiais dos setores público, privado e do terceiro setor, a equipe foi gradualmente capaz de selecionar um conjunto de ferramentas de recursos excepcionais, destinado a ajudar os professores a entregar a eletiva da melhor maneira possível. Esses recursos incluíam planos de aula e materiais de apoio, bem como conteúdo de mídia sobre bem-estar digital, segurança cibernética e proteção contra violência online.

A Safernet Brasil esteve envolvida neste processo, organizando workshops com outras organizações não-governamentais, organizações sociais e especialistas em educação digital. Esta foi uma oportunidade de informar estas organizações sobre os planos da eletiva, apelando tanto para o seu apoio quanto para os seus materiais.

Depois que todos os materiais foram coletados e adaptados quando necessário, uma versão beta da eletiva e de todos os seus recursos foi testada com pequenos grupos de professores e mais de 250 alunos durante junho e julho de 2022. A versão final que surgiu será disponibilizada para todas as escolas por meio das plataformas educacionais dos próprios três estados no início de setembro.

Colaboração do governo

Este projeto faz parte do Programa de Acesso Digital (em inglês, Digital Access Programme ou DAP), uma iniciativa apoiada pelo Foreign, Commonwealth and Development Office (FCDO) do Reino Unido. Através deste programa, o FCDO está atualmente trabalhando em parceria com vários governos ao redor do mundo: Quênia, Nigéria, África do Sul e Indonésia, além do Brasil. O DAP visa promover conectividade digital acessível, construir confiança e resiliência no ciberespaço e proteger os membros mais vulneráveis da sociedade.

A conectividade digital muitas vezes pode ser vista como uma faca de dois gumes para os governos. A internet e as tecnologias digitais são catalisadores poderosos para o crescimento e desenvolvimento econômico – mas também são uma fonte crescente de atividade criminosa e podem expor os civis a uma gama crescente de danos cibernéticos.

Em cada caso, o objetivo é construir uma capacidade duradoura que ajude os governos nacionais a proteger melhor seus cidadãos online ou a defender sua infraestrutura crítica nacional contra ameaças cibernéticas. Se tudo correr como planejado, professores e alunos em todo o Brasil poderão em breve colher os benefícios.

Para saber mais sobre este projeto, entre em contato via dap@safernet.org.br (Equipe Safernet) ou mariana.cartaxo@fcdo.gov.uk (Mariana Cartaxo - Embaixada do Reino Unido).

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